sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Dolls

Dolls, Takeshi Kitano, Japão, 2002.



“Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.”
(Friedrich Nietzsche)

O primeiro plan
o de Dolls é baseado no próprio teatro bunkaru, no qual o filme é baseado. A tragédia, presente na cultura japonesa, está em cada frame de Dolls.
Dolls é um filme de escolhas, mas não a escolha de cada personagem. É a escolha imposta pelo destino, do qual não se pode fugir. Na primeira história, a escolha de Matsumo pelo casamento por conveniência arranjado pela sua família, deixa à Sawako, sua antiga namorada, uma escolha: o suicídio. Ela não morre, mas perde a memória. Nada acontece como o planejado.
A escolha de Matsumo pelo casamento não pode se concretizar pois seu destino já foi traçado. Ele não se casa e sacrifica seu futuro para cuidar de Sa
wako, que agora nem o reconhece mais. Sua primeira reação é tentar protegê-la do mundo, até perceber que só o que resta a fazer é tornar-se igual a ela e aceitar seus destinos trágicos. Eles estão sempre caminhando, nunca indo a lugar nenhum, se mantém constantes caminhando pelas ruas com seus corpos unidos por uma corda.
Na segunda história, Hiro, um veterano chefe da máfia volta ao parque onde conheceu uma antiga namorada, mas ele nunca pôde dar a ela a vida que havia prometido. Embora ela tenha esperado por ele todos os dias. Ele escolheu uma vida e no momento em que tenta voltar ao passado para tentar reviver, relembrar ou modificar os fatos, mais uma vez o destino escolhe por ele.
Na terceira história há a pop star Haruna que passa os dias olhando o mar depois de sofrer um acidente e ter o rosto coberto por ataduras. Um antigo fã, que costumava persegui-la, percebe que só poderá se aproximar dela novamente se não puder vê-
la, e há aí também mais uma trágica escolha... São três histórias que se cruzam em algum ponto, não como necessidade, mas como uma simples conseqüência do destino que os guia.
O desespero leva os personagens a atos extremos (como não poderia faltar em uma tragédia): a tentativa de suicídio, a espera incondicional durante anos, privar-se da visão para estar perto de alguém... atos que deixam os personagens beirarem a loucura - apesar de não haver em nenhum momento julgamentos nesse sentido. C
ada um acredita no seu amor e este é o culpado de todos os possíveis atos insanos. Mas, quem há de julgar se é amor ou loucura? O amor se manifesta em suas diferentes formas e é eterno, trágico e inesperado.
As imagens s
ão sempre belíssimas e é constante o uso de cores fortes, especialmente o vermelho, presente seja nas roupas, nas flores ou no sangue. Kitano era considerado um diretor violento devido à “Brother” (que exibe várias cenas com assassinatos) mas, Dolls nem sequer necessita do uso de palavras para exercer sua violência. Em silêncio, fere e deslumbra, na mesma proporção.

3 comentários:

Marcelo Grillo disse...

Gosto dos dramas japoneses. Quando o Cineclube exibirá?

Ale disse...

vc ja levou esse filme la em casa, né? Até que, lendo isso tudo, me parece interessante agora...huahauhauahauah
pode levar de novo que eu assisto, rs.
Bjo!

Paixão, M. disse...

UAU!!

Sei que assisti a esse até a metade, rs... Mas depois de ler esse texto me digno a ver tudo! Olha a Lelê falando ali embaixo!

É a sua escrita fazendo milagres!! Adorei!!

Beijo, mocinhaa!