Cindy, The Doll Is Mine partiu de uma encomenda pela cadeia de TV France 2 dentro da coleção “Les Films Plastiques” em que vários cineastas fariam curtas-metragens inspirados em artistas ou obras de arte contemporâneas. Bertrand Bonello inspirou-se na fotógrafa americana Cindy Sherman, que se tornou reconhecida mundialmente por público e crítica especialmente nos anos 70, com Untitle Film Stills, uma série de fotos em preto e branco em que ela mesma interpretava atrizes de filme B americano. Em um trabalho posterior, The Sex Pictures, não é mais à si mesma que ela fotografa e sim bonecas despedaçadas em posições de apelo sexual.
A partir destas informações, podemos observar as referências a estas fases do trabalho de Sherman desde o primeiro plano, onde vemos várias bonecas, algumas com partes faltando, outras inteiras. Então, somos apresentados às duas personagens (ambas interpretadas por Asia Argento): uma fotógrafa morena, de cabelos curtos, sem maquiagem, vestindo roupas masculinas e – o oposto - uma modelo de cabelos longos e muito louro (quase branco), usando um vestido tipo “boneca”, transmitindo uma imagem bastante ingênua.
A fotógrafa vai orientando a modelo a seguir várias posições, mas nenhuma delas parece satisfazer, não importa o que a modelo faça. Até que ela pede que a modelo chore, pois acha que isso poderá comovê-la. Da pilha de bonecas, escolhe uma sem pernas e entrega à modelo, que a segura chamando de “minha bonequinha”; mas, como ainda não conseguem atingir o objetivo, decidem fazer uma pausa. Depois dessa pausa, a modelo diz que consegue. De vários CDs jogados no chão, escolhe a banda novaiorquinha Blonde Redhead e começa a tocar “Doll is mine”. Agora há só a música e o comovente choro da modelo.
A sinopse do filme anuncia que “é a história de uma morena que tira fotos de uma loira e as duas estranhamente se parecem”; porém, num filme sobre uma sessão de fotos, nenhuma foto é tirada, o que interessa no filme de Bonello não são as eventuais fotos e sim a relação estabelecida entre a câmera e o objeto a ser fotografado. A insatisfação da fotógrafa diante das posições que ela mesma sugere, mostra que ela também precisa ser sensibilizada.
Em seus trabalhos, Sherman fotografava a si mesma, nem por isso fazendo auto-retratos. Ela dizia que os expectadores deveriam procurar a si mesmos ou outras pessoas nas imagens, e não ela. O duplo existente nos trabalhos de Sherman também estão no filme: quem é Cindy em suas fotografias? Quem são todas as mulheres que Cindy representou se não são ela mesma? No filme, a mesma atriz representa diferentes personagens: uma fotografa e outra se deixa fotografar.
A modelo chora, se ajoelha e se entrega ao que lhe foi pedido. À visão da sua maquiagem borrada, da emoção que seu choro transmite, quem chora é a fotógrafa, que não tira uma foto sequer. A ela nada mais resta além do seu próprio choro. E, ao expectador, nada mais se faz necessário.
A partir destas informações, podemos observar as referências a estas fases do trabalho de Sherman desde o primeiro plano, onde vemos várias bonecas, algumas com partes faltando, outras inteiras. Então, somos apresentados às duas personagens (ambas interpretadas por Asia Argento): uma fotógrafa morena, de cabelos curtos, sem maquiagem, vestindo roupas masculinas e – o oposto - uma modelo de cabelos longos e muito louro (quase branco), usando um vestido tipo “boneca”, transmitindo uma imagem bastante ingênua.
A fotógrafa vai orientando a modelo a seguir várias posições, mas nenhuma delas parece satisfazer, não importa o que a modelo faça. Até que ela pede que a modelo chore, pois acha que isso poderá comovê-la. Da pilha de bonecas, escolhe uma sem pernas e entrega à modelo, que a segura chamando de “minha bonequinha”; mas, como ainda não conseguem atingir o objetivo, decidem fazer uma pausa. Depois dessa pausa, a modelo diz que consegue. De vários CDs jogados no chão, escolhe a banda novaiorquinha Blonde Redhead e começa a tocar “Doll is mine”. Agora há só a música e o comovente choro da modelo.
A sinopse do filme anuncia que “é a história de uma morena que tira fotos de uma loira e as duas estranhamente se parecem”; porém, num filme sobre uma sessão de fotos, nenhuma foto é tirada, o que interessa no filme de Bonello não são as eventuais fotos e sim a relação estabelecida entre a câmera e o objeto a ser fotografado. A insatisfação da fotógrafa diante das posições que ela mesma sugere, mostra que ela também precisa ser sensibilizada.
Em seus trabalhos, Sherman fotografava a si mesma, nem por isso fazendo auto-retratos. Ela dizia que os expectadores deveriam procurar a si mesmos ou outras pessoas nas imagens, e não ela. O duplo existente nos trabalhos de Sherman também estão no filme: quem é Cindy em suas fotografias? Quem são todas as mulheres que Cindy representou se não são ela mesma? No filme, a mesma atriz representa diferentes personagens: uma fotografa e outra se deixa fotografar.
A modelo chora, se ajoelha e se entrega ao que lhe foi pedido. À visão da sua maquiagem borrada, da emoção que seu choro transmite, quem chora é a fotógrafa, que não tira uma foto sequer. A ela nada mais resta além do seu próprio choro. E, ao expectador, nada mais se faz necessário.
4 comentários:
bom gosto cinematográfico. :)
Hum! Adoreeei essa iluminação aí! Agora gostei muito mais do curta ;)
na verdade,acho que ela chega a bater foto umas 8 ou 7 vezes quando a modelo chora e quando esta deitada.
ótimo gosto.
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