sábado, 20 de setembro de 2008

Encontros e Desencontros

Lost In Translation, Sofia Coppola, EUA, 2003


Todo o clima de melancolia já visto no filme anterior de Sofia Coppola (Virgens Suicidas) está presente em seu segundo filme. Novamente um clima de deslocamento, a sensação de não pertencer ao lugar que se ocupa.
Os personagens: Bob (Bill Murray), um decadente astro americano de filmes de ação e Charlotte, uma jovem recém formada acompanhando o marido fotógrafo (Giovanni Ribisi). Não há necessariamente um roteiro a ser seguido ou uma história a ser contada, os personagens apenas existem, estão lá e as situações vão tomando o seu lugar pouco a pouco, observando as ruas da cidade enquanto nós assistimos sua solidão.
Em Tóquio, confrontando-se com a cultura japonesa, um idioma desconhecido, a tecnologia e as luzes da cidade em constante movimento, há a dificuldade de se adaptar e a solidão que toma conta dos personagens. O choque entre as duas culturas (americana e japonesa), confere ao filme um tom humorístico, especialmente a ironia com que são retratados os artistas de Hollywood (representados no filme pela personagem de Anna Farris).
O clima de solidão se faz presente a todo o tempo, desde quando se está efetivamente sozinho ou mesmo entre a multidão, em boates, bares e festas. Mas, em “Encontros..”, o silêncio se basta. Entre Bob e Charlotte não há necessidade de palavras. Entre eles o silêncio fala mais. As palavras se traduzem em risos, olhares, toques, abraços. É um filme de gestos, de expressões. Murray foi escolha perfeita para o papel de Bob - e também o responsável pelas cenas mais cômicas do filme. Johansson é um retrato perfeito da solidão ao caminhar sem rumo pelas ruas de Tókio.
Distância e proximidade se chocam todo o tempo. Ambos têm a sensação de estarem perdidos (isso fica ainda mais claro no momento em que eles conversam deitados na cama do quarto de hotel). Charlotte precisa se encontrar. Bob também. Ou que alguém os encontre. Eles encontram um ao outro e se perdem no meio da multidão.
E no meio de tantos paradoxos fazem-se evidentes as qualidades de Sofia como diretora, desde seu trabalho anterior (As virgens suicidas, 1999) e agora neste, demonstrando sinais de uma crescente maturidade. A cena final, resume em si toda a atmosfera do filme, num sussurro de Bob ao ouvido de Charlotte, incompreensível ao espectador. E não há necessidade de compreensão, como acontecia desde o primeiro encontro, Bob e Charlotte se entendem e nós os contemplamos apenas.

2 comentários:

Paixão, M. disse...

Aiaiaiaiaiai! Filme da minha VIDA! kkkk Vamos ver no cineclube? Vamosvamosvamosssss???????

Por favor, mocinha =)
Eu levo, a Tamiris vai me devolver ;)

Renata Mofatti disse...

E lá estamos nós asistindo a solidão!!! Ainda bem que dizem que a solidão é criativa!!! Isso aí, meninaaaaa!!!